A “poética da visão” de J. Saramago: algumas questões para pensar a hermenêutica jurídica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21119/anamps.42.519-524

Palavras-chave:

epistemologia, racionalidade, subjetividade, intersubjetividade, historicidade, “Ensaio sobre a cegueira”.

Resumo

Este artigo tem como objetivo confrontar e refletir sobre distintas matrizes epistemológicas, a partir da poética da visão identificada nas produções literárias de José Saramago, bem como de elementos figurativos e temáticos extraídos do romance Ensaio sobre a cegueira. Explicitando as dimensões do olhar, do ver e do reparar, busca-se problematizar a adoção, no campo do direito, de postulados que vinculam a tarefa hermenêutica, com exclusividade, tanto à racionalidade e à objetividade quanto à subjetividade do intérprete.

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Biografia do Autor

Henriete Karam, Centro Universitário FG

Mestre em Teoria Literária pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e Doutora em Estudos Literários pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora do Programa de Pós-Graduação em Direito da UniFG. Professora Colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRGS, Professora Convidada do Curso de Especialização em Psicanálise da UNISINOS. Membro Fundadora da Rede Brasileira Direito e Literatura (RDL). Editora da Anamorphosis - Revista Internacional de Direito e Literatura. Psicanalista

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Publicado

2018-12-30

Como Citar

KARAM, H. A “poética da visão” de J. Saramago: algumas questões para pensar a hermenêutica jurídica. ANAMORPHOSIS - Revista Internacional de Direito e Literatura, Porto Alegre, v. 4, n. 2, p. 519–524, 2018. DOI: 10.21119/anamps.42.519-524. Disponível em: https://periodicos.rdl.org.br/anamps/article/view/521. Acesso em: 16 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos