“Antígona” de Sófocles e a questão jurídica fundamental: a eterna tensão entre segurança jurídica e correção

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21119/anamps.41.77-104

Palavras-chave:

justiça, tragédia, filosofia do direito, desobediência civil, François Ost.

Resumo

A Antígona de Sófocles possui um lugar de destaque na Filosofia do Direito. Essa tragédia expressa dilemas jurídicos e oferece símbolos que comportam múltiplas interpretações. Através dos séculos a obra foi lida, majoritariamente, a partir de um viés dualista em que pretensões de justiça antagônicas de Antígona e Creonte se chocam – a satisfação de um ponto de vista implica a destruição do outro. Entretanto, François Ost ofereceu uma nova interpretação à tensão proposta por Sófocles, encontrando um terceiro momento em que a conciliação entre os opostos é possível. Tal momento seria ocupado pela função jurisdicional em que o hermeneuta buscaria a melhor conciliação entre as partes litigantes. Esta pesquisa, após discutir um panorama geral de Antígona e detalhar a contribuição de Ost, vai além de Ost e argumenta a partir de nomes de destaque na Filosofia do Direito contemporânea (a saber, Habermas, Alexy e Dworkin) como que a tensão presente em Antígona é análoga estruturalmente a questões jurídicas enfrentadas ao longo da história. 

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Biografia do Autor

Eduardo Seino Wiviurka, Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA)

Professor de Filosofia e de Direito Constitucional no Curso de Direito do Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA). Doutorando em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestre em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Formação Pedagógica do Professor Universitário pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA).

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Publicado

2018-08-15

Como Citar

WIVIURKA, E. S. “Antígona” de Sófocles e a questão jurídica fundamental: a eterna tensão entre segurança jurídica e correção. ANAMORPHOSIS - Revista Internacional de Direito e Literatura, Porto Alegre, v. 4, n. 1, p. 77–104, 2018. DOI: 10.21119/anamps.41.77-104. Disponível em: https://periodicos.rdl.org.br/anamps/article/view/412. Acesso em: 17 maio. 2024.

Edição

Seção

Artigos