O Congresso Nacional entre o “mýthos” e o “lógos”: religião e corrupção sistêmica no cenário político brasileiro

Autores

  • Ana Paula Lemes de Souza Faculdade de Direito do Sul de Minas http://orcid.org/0000-0002-7746-8168
  • Rafael Lazzarotto Simioni Faculdade de Direito do Sul de Minas (FDSM) e Universidade do Vale do Sapucaí (Univás)

DOI:

https://doi.org/10.21119/anamps.32.465-487

Palavras-chave:

Niklas Luhmann, secularização, religião e política.

Resumo

A religião, em sua origem, surge para explicar o transcendente, o mýthos; enquanto a ciência lida com verdades, portanto, o lógos. Por causa dessa função, a religião exerceu importante papel na construção das sociedades, com campo de atuação bastante extenso. Desde a modernidade, houve a perda gradativa da relevância da igreja, minando sua influência nos demais sistemas sociais. No Brasil, no âmbito do discurso das instituições públicas brasileiras, mais especificamente, no sistema político, a religião ainda ocupa espaço privilegiado. Nesse velho problema, persiste a corrupção do código sistêmico, com a respectiva fragilidade e perda de credibilidade nas organizações. A grande pergunta que se busca responder é: há possibilidade de se garantir um filtro na política, que rompa com a corrupção sistêmica perpetrada no âmbito das organizações políticas brasileiras? Este artigo objetiva explicitar esse problema social, na perspectiva da teoria dos sistemas de Niklas Luhmann, de forma a reconstruir o papel social da religião, tomando como paradigma o conto O Aleph, de Jorge Luis Borges. Igualmente, visa a refletir sobre o movimento secularizante, identificar os riscos relacionados à corrupção sistêmica da política e, por fim, apontar o papel da religião na contemporaneidade. Como resultado, observa-se que a corrupção sistêmica mina a democracia, devendo esse processo ser revertido.

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Biografia do Autor

Ana Paula Lemes de Souza, Faculdade de Direito do Sul de Minas

Mestra em Direito pela Faculdade de Direito do Sul de Minas (FDSM), Pós-graduada em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes (UCAM) e Graduada em Direito pela Faculdade de Direito de Varginha (Fadiva). É advogada, escritora, roteirista e pesquisadora. Integrante do Grupo de Pesquisa Margens do Direito.

Rafael Lazzarotto Simioni, Faculdade de Direito do Sul de Minas (FDSM) e Universidade do Vale do Sapucaí (Univás)

Pós-Doutor em Teoria e Filosofia do Direito pela Universidade de Coimbra, Doutor em Direito Público pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Mestre em Direito pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) e Graduado em Direito pela Universidade de Caxias do Sul (UCS). Atualmente, é professor do corpo permanente do Programa de Pós-Graduação em Direito da FDSM e do Programa de Pós-Graduação em Bioética da Univás. Editorchefe da Revista da Faculdade de Direito do Sul de Minas (FDSM). Coordenador do Programa de Mestrado em Direito da FDSM. Pesquisador Líder do Grupo de Pesquisa Margens do Direito.

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Publicado

2017-12-30

Como Citar

SOUZA, A. P. L. de; SIMIONI, R. L. O Congresso Nacional entre o “mýthos” e o “lógos”: religião e corrupção sistêmica no cenário político brasileiro. ANAMORPHOSIS - Revista Internacional de Direito e Literatura, Porto Alegre, v. 3, n. 2, p. 465–487, 2017. DOI: 10.21119/anamps.32.465-487. Disponível em: https://periodicos.rdl.org.br/anamps/article/view/313. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos